Todos nós temos dificuldades na vida e nos relacionamentos. Muitos dos nossos sentimentos, emoções e conflitos são ocultos totalmente ou parcialmente por mecanismos de defesa pessoais, convenções sociais ou pelo próprio automatismo cotidiano. Quando afloram ou agravam-se os sofrimentos advindos deles, não sabemos para onde correr. Frequentemente não descobrimos suas causas ou razões, nem conseguimos liberá-los e transformá-los.
Às vezes, encontramo-nos diante de alguém ou situação que nos causa dor e não sabemos como lidar com ela, outras vezes não conseguimos resolver as provações que encontramos pelo caminho e as provocações que a vida nos apresenta.
Um método eficiente, profundo e poderoso que poderá nos ajudar é vivenciar a Constelação Sistêmica Familiar, terapêutica que surgiu na Alemanha há aproximadamente 40 anos e inicialmente foi sistematizada pelo psicoterapeuta Bert Hellinger.
A princípio, nomeou-se a técnica como Constelação Familiar, pois focava apenas em sistemas familiares. Atualmente, advindo de novos horizontes, ampliou-se o foco da técnica para outros sistemas, alcançando todos dos quais fazemos parte, instituições, empresas, escolas, relacionamentos, etc. Assim, hoje o termo mais utilizado é Constelação Sistêmica.
A Constelação Sistêmica Familiar é um processo que conecta com a alma do cliente, pode atingir estados profundos de consciência e acessar questões do inconsciente profundo coletivo, familiar e pessoal.
O método visa levar o cliente a vislumbrar novos horizontes em relação aos seus sentimentos, emoções e conflitos; um novo olhar para si mesmo, os outros, a vida e os relacionamentos. Proporciona mudança de consciência em várias áreas da vida, vivência de liberação e cura.
Inicialmente, incentiva-se que o cliente esclareça seus objetivos. Depois, a partir do conteúdo trazido por ele mesmo, há uma projeção através das representações, concedendo a oportunidade para interagir, por exemplo, com sua infância, origem, história, relacionamentos e ancestrais.
O cliente primeiramente entra em contato com situações ou emoções vividas, tanto por ele quanto pelos seus antecedentes ou descendentes. Depois, incentiva-se certo distanciamento para que possa observar a situação de fora e senti-la com como realmente é.
Abre-se assim a possibilidade de ampliar nossa percepção, compreensão e interpretação da realidade e os fatos de uma maneira diferente, libertando-se da prisão dos julgamentos sobre si mesmo e os outros. É como se relembrasse nossa condição enquanto humanos, deixando de lado a visão que separa o mundo entre vítimas e algozes e nos reconectando uns aos outros como companheiros de jornada.
Vivenciando e interagindo com as representações dos membros familiares, por exemplo, pode-se restituir uma situação de despedida ou luto de uma morte repentina que, por alguma razão, não foi elaborado no passado.
Como em outro exemplo, é possível se perceber carregando os outros como num papel de solucionador. Então, descobre-se relação com o pai que historicamente teve uma postura de provedor. Por último, constata-se que a perpetuação da atitude do pai é uma maneira de honrar o mesmo, abrindo-se dessa maneira à possibilidade de não mais esperar aprovação do pai e ao mesmo tempo permitir continuar honrando o mesmo, porém com liberdade de escolha e sem culpa.
O facilitador acompanha através da observação dos fatos, atento a possíveis intuições, sugestões ou interpretação das possibilidades, oferecendo recursos ou forças na forma do encorajamento dos movimentos espontâneos e desenvolvimento de frases de solução.
Aos poucos, no decorrer dos atendimentos, o cliente poderá entender que todos pertencem e funcionam dentro da sociedade, dos grupos, dos sistemas e das famílias. Todos têm um lugar dentro do nosso coração e devem ser reconhecidos como instrumentos de evolução.
Que a hierarquia faz parte de uma Ordem e existem leis que regem tudo isso. Que lutar contra a maré resulta em perda de força e Presença. Acomodar o princípio de hierarquia e Ordem traz um sentimento de adaptação e paz.
Que cada ser humano faz o seu melhor dentro das suas condições e cada geração fez o melhor que pode. Não é saudável estar no papel de vítima ou de juiz e é reparador se libertar da sensação de insuficiência.
Que desenvolver um olhar de benevolência para consigo mesmo e para com os outros nos conecta com o humano que somos e nos aproxima do verdadeiro sentido da vida.
Que existem consequências e danos causados por uma ação inapropriada, porém a culpa não traz evolução e sim a aceitação que somos passíveis de causar algum dano e, a partir daí é possível desenvolver responsabilidade ética.
É como se o cliente se posicionasse no palco da sua própria vida, assumindo o seu papel e lugar. Também acolhendo o papel e lugar que os outros ocupam, independente de qualquer questão ou situação.
O saudável é permitir-se escolher caminhos parecidos com os ancestrais ou não, conseguindo assim trazer leveza para a própria vida.
A transmutação descrita acima acontece quando a energia do amor flui e o movimento de harmonia e vitalidade se estabelece. Quando deixa de lutar contra e toma a vida, levando-a para frente.
Um dos pressupostos que fundamenta o trabalho é que toda espécie historicamente constrói um saber e tudo o que acontece no mundo fica registrado num campo energético, chamado de mórfico. Quando o cliente entra com consciência nesse campo, os movimentos podem acontecer e se manifestar.
Outro princípio é que toda família tem hábitos e padrões de comportamento que podem estar adoecidos por questões ou situações vivenciados no passado e são perpetuados no presente através dos membros atuais ao construírem situações e relacionamentos baseados em repetições do passado, gerando desgaste e infelicidade.
Apesar do caminho para o autoconhecimento não ser fácil, independente de qualquer escolha em termos de ajuda terapêutica, aquele que se atreve a buscar uma nova maneira de fazer terapia, pode surpreender-se e ultrapassar suas expectativas ao abrir novos horizontes a si mesmo.
Heitor Rosa, você me mostrou a beleza da constelação familiar sistêmica, a qual me levou para um caminho de crescimento espiritual, mansidão, entendimento, compaixão e perdão.
Gratidão. Namastê.
Muito bom e esclarecedor esse texto. Parabéns pelo trabalho! Não conhecia a contestação familiar sistêmica e penso ser muito interessante e de grande ajuda na resolução de conflitos.
Eu não poderia deixar de comentar, muito bem escrito.